segunda-feira, 28 de junho de 2010

Eram aproximadamente 16 horas de uma tarde incomum de inverno, como costumam ser as manhãs de verão, distante a exatos 76 dias do instante em que o relógio parou de marcar o tempo. Passos incontáveis, sem direção, sem movimento. Tempo que parou neste momento. As últimas palavras que ficaram no tempo, foram duras. Algo pesado pra ficar calado, um peso que não deve ser carregado, mas que por muito tempo me propus a carregar. A imagem do caos. O efeito borboleta de uma manhã que inventei ser capaz de superar qualquer desafio. O bater das asas ecoou em meus ouvidos quando meus olhos cruzaram com os seus, e trouxe num relapse, toda uma vida. Eu vi muito mais que seus olhos nos meus olhos, eu pude ler sua mente, decifrar sua alma, em frações de segundos."Faria alguma diferença se eu te dissesse que nunca ninguém te amou como eu te amo?"...
Mas o silêncio soou ensurdecedor. Os olhares logo procuraram por um ponto distante, onde pudessem se concentrar antes que começassem a tremer. O medo das palavras, que por muitas vezes trouxe a dor, agora impede que elas surjam pra trazer de volta a paz, se assim forem capazes. Nos seus olhos eu pude perceber, e isso eu sempre soube fazer, porque seus olhos não mentem, ao contrário dos meus. Eu coloquei um ponto final, mas ainda havia palavras para dizer. Perdi a segunda chance, o parênteses que você abriu para que eu pudesse voltar atrás. Fechei-o com o silêncio de minhas verdades, que por mais que eu queira, não consigo mudar...

Um pedaço de muito, de trás pra frente. Sei lá...