terça-feira, 29 de junho de 2010

Nunca acreditei que rituais funcionassem. Beijar o campo antes de começar uma partida de futebol, benzer-se com sinal da cruz oitocentas vezes, enfim, sempre acreditei que tudo aquilo que é decorado, automático, não funciona. É preciso deixar claro que quando falo em rituais, não estou falando em religião, fé, crenças. Porém percebi que sempre antes de escrever, desligo a luz do quarto, reproduzo uma música no Media Player, que pode ser um Beatles, ou qualquer coisa do tipo, apesar de completamente diferente. Deito a cabeça sobre os braços, na mesa, fecho os olhos, e por alguns instantes fico concentrado nos sons a minha volta. Desde a música até o barulho do cooler do computador. Abro os olhos e forço-os contra a luz do monitor, que clareia a parede a minhas costas. Sem perceber, executo esse ritual diariamente. Automático, porém essencial.
Entre reflexões e alucinações, deparei-me com o Universo. Gigante, infinito, sempre em expansão. Com suas galáxias, sistemas solares, planetas, cometas, buracos negros. Tudo em infinita sincronia, num ritual que nunca acaba.
Seres humanos e desumanos, acreditem, existe. Uma infinidade de vidas, findadas ou não. Algo tão pequeno comparado ao Universo, pode parecer aos olhos cegos de um telescópio. Egoísta pensar que somos "Únicos" entre as galáxias. Há outros Sóis que nascem e apagam-se todos os dias.
Pensar quem somos, por que estamos aqui, qual o verdadeiro motivo da vida, pode parecer enlouquecedor. Mas é extremamente necessário experimentar desta loucura. Somos um "nada", comparados a imensidão do Universo.
- "Nossas vidas não representam absolutamente nada, perto da grandeza do mundo!", diria o cego telescópio, apontando para fora do alcance dos nossos pobres olhos. Encontrar a razão da vida olhando pra cima, sempre me pareceu algo estúpido. Por que olhar pra tão longe, quando as repostas para tudo que precisamos está dentro de nós?
O segredo da vida, o "Grande Mistério", como queiram, está aqui. Em cada um de nós, a uma parte deste quebra-cabeça. Engana-se quem pensar que olhar pra dentro de si, compreender seus sentimentos, poderá entender melhor a vida. É preciso mais. Olhe para os outros pedaços deste enorme quebra-cabeça, compreenda que todos eles tem um formato diferente, mas que apesar disso, foram feitos pra se encaixar. O Universo, que tanto observamos, que tão pouco sabemos a respeito, e que já estou cansado de escrever, como sendo algo infinito, em expansão, nada mais é do que a expressão de um olhar. Olhar esse, que pode ser sincero, feliz, desamparado, afomentado, apaixonado. De uma criança ou de um velho.
A fonte da vida. O Sol que nos mantem vivos. A Lua que nos convida a dançar. A água que nos mata a sede. O grande "Big Bang", origem de tudo. Isso todos sabem, todos sentem. A grande explosão, meus caros, que deu origem ao ritual da vida, é o amor. É o amor...

PS1: a luz acabou e eu perdi todo o texto. A segunda vez nunca é melhor que a primeira...

PS2: texto inacabado, sem pé nem cabeça. Um "Monstro", como de costume.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Eram aproximadamente 16 horas de uma tarde incomum de inverno, como costumam ser as manhãs de verão, distante a exatos 76 dias do instante em que o relógio parou de marcar o tempo. Passos incontáveis, sem direção, sem movimento. Tempo que parou neste momento. As últimas palavras que ficaram no tempo, foram duras. Algo pesado pra ficar calado, um peso que não deve ser carregado, mas que por muito tempo me propus a carregar. A imagem do caos. O efeito borboleta de uma manhã que inventei ser capaz de superar qualquer desafio. O bater das asas ecoou em meus ouvidos quando meus olhos cruzaram com os seus, e trouxe num relapse, toda uma vida. Eu vi muito mais que seus olhos nos meus olhos, eu pude ler sua mente, decifrar sua alma, em frações de segundos."Faria alguma diferença se eu te dissesse que nunca ninguém te amou como eu te amo?"...
Mas o silêncio soou ensurdecedor. Os olhares logo procuraram por um ponto distante, onde pudessem se concentrar antes que começassem a tremer. O medo das palavras, que por muitas vezes trouxe a dor, agora impede que elas surjam pra trazer de volta a paz, se assim forem capazes. Nos seus olhos eu pude perceber, e isso eu sempre soube fazer, porque seus olhos não mentem, ao contrário dos meus. Eu coloquei um ponto final, mas ainda havia palavras para dizer. Perdi a segunda chance, o parênteses que você abriu para que eu pudesse voltar atrás. Fechei-o com o silêncio de minhas verdades, que por mais que eu queira, não consigo mudar...

Um pedaço de muito, de trás pra frente. Sei lá...